A FeLV (Feline Leukemia Virus) é uma doença viral causada por um retrovírus que afeta os gatos domésticos e selvagens. Esse vírus compromete o sistema imunológico do animal, tornando-o mais suscetível a infecções e outras doenças, incluindo câncer. A FeLV é uma das principais causas de mortalidade em gatos e é transmitida principalmente por contato direto e prolongado entre os animais.
Transmissão da FeLV 
A FeLV é transmitida de várias maneiras, especialmente por meio do contato com secreções corporais de gatos infectados. Entre as principais formas de transmissão estão:
- Saliva: A principal via de transmissão ocorre através do compartilhamento de comedouros, bebedouros, lambedura mútua ou mordidas.
- Secreções nasais: Espirros ou secreções podem transmitir o vírus.
- Contato prolongado: Gatos que convivem de forma próxima e frequente com infectados têm maior risco.
- Transmissão vertical: Gatas infectadas podem passar o vírus para os filhotes durante a gestação ou amamentação.
- Sangue: O vírus pode ser transmitido por transfusões sanguíneas infectadas.
Sintomas da FeLV
Os sintomas podem variar de acordo com o estágio da infecção e a saúde geral do animal. Muitos gatos permanecem assintomáticos por meses ou até anos (em média 3 anos, com sobrevida de um ano) antes de apresentar sinais clínicos, entre os sintomas mais comuns estão:
- Febre persistente.
” Doenças bucais inflamatórias, como gengivoestomatite, estão associadas com um risco aumentado de infecção por retrovírus. Cortesia de Susan Little” Journal of Feline Medicine and Surgery (2020) - Perda de peso progressiva.
- Letargia e apatia.
- Diminuição do apetite.
- Problemas respiratórios.
- Anemia.
- Infecções recorrentes (pele, gengiva ou trato respiratório).
- Diarreia ou vômito.
- Linfonodos aumentados.
- Desenvolvimento de tumores ou linfomas.
Diagnóstico da FeLV

O diagnóstico é feito por meio de testes laboratoriais específicos, sendo os mais comuns:
- Testes Rapido (ELISA ou imunocromatografia): Detecta antígenos virais no sangue, útil para diagnóstico inicial (2 a 3 semanas).
- IFA (Imunofluorescência): Confirma infecções persistentes, analisando a presença do vírus em células sanguíneas – Viremia – 4-6 semanas após infecção.
- PCR (Reação em Cadeia da Polimerase): Detecta o DNA viral, sendo mais sensível para identificar infecções em estágio inicial ou latente.
- qPCR: Quantifica a carga de provirus – ajudando diferenciar infecção progressiva de regressiva.
- RT-PCR(Sangue ou saliva) – Pesquisa RNA viral – Viremia de uma semana.
Cada teste avalia uma fase específica da doença, e em geral, pelo menos dois exames são necessários para confirmar que o animal não contraiu a infecção. Por isso, ao adotar um animal, é fundamental testá-lo logo no início, mantê-lo em observação e isolado de outros gatos por, no mínimo, um mês. Após esse período, o tutor deve repetir o teste rápido, caso o resultado inicial tenha sido negativo, ou optar pela confirmação por PCR para garantir que o animal está realmente livre da infecção.
Além disso, é crucial compreender que cada teste tem um limite de detecção. Por exemplo, em animais regressivos, o teste rápido pode indicar resultados fracamente positivos, enquanto o PCR pode não detectar o vírus, dependendo da fase da infecção e da carga viral presente no organismo. Assim, combinar diferentes métodos diagnósticos torna-se essencial para alcançar uma avaliação mais precisa e confiável.
Tratamento e Controle
Infelizmente, ainda não há cura definitiva para a FeLV. O tratamento foca no manejo dos sintomas, prevenção de infecções secundárias e suporte à qualidade de vida do animal.
Cuidados gerais
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- Oferecer uma dieta de alta qualidade e balanceada.
- Realizar check-ups veterinários regulares.
- Evitar a exposição a outros gatos para reduzir o risco de novas infecções.
Terapias específicas
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- Medicamentos antivirais podem ser utilizados para retardar a progressão da doença. Alguns estudos têm sido publicados destacando a eficácia desses antivirais, com algumas indicações específicas. No entanto, ainda há pouca informação sobre os efeitos dessas medicações a longo prazo. Além disso, esses medicamentos são geralmente de difícil acesso e amplamente utilizados na medicina humana, não sendo ainda oficialmente aprovados para uso em gatos de forma legal e regulamentada ( caso do Raltegravir e Taf).
- Imunomoduladores: Interferon omega (dificil acesso no Brasil)
- Tratamento para infecções secundárias com antibióticos ou antifúngicos.
- Cuidados paliativos para tumores ou linfomas.
- Quimioterapia: É importante destacar que, embora a quimioterapia possa ser eficaz no tratamento de tumores associados à FeLV, ela não elimina o vírus subjacente. Portanto, o tratamento deve ser individualizado, considerando o estado geral do gato, a presença de infecções secundárias e a qualidade de vida do animal.
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Prevenção
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- Vacinação: Existem vacinas disponíveis contra a FeLV. Embora não garantam proteção absoluta, devido a fatores imunlogicos, elas reduzem significativamente o risco da infecção.
- Testagem regular: Testar novos gatos antes de introduzi-los em um ambiente com outros animais.
- Controle de contato: Limitar interações de gatos saudáveis com desconhecidos ou infectados.