Cinomose canina (Canine Distemper Virus – CDV)

Vírus da Cinomose em Cães: Causas, Sintomas e Tratamento

 

     A cinomose canina é uma doença viral extremamente grave e altamente contagiosa. O vírus responsável, conhecido como vírus da cinomose canina (Canine Distemper Virus – CDV), pertence à família Paramyxoviridae e ao gênero Morbillivirus. Esse agente apresenta características semelhantes ao vírus do sarampo em humanos e ao vírus da peste bovina, reforçando sua relevância na saúde animal.

     A transmissão ocorre principalmente por meio de aerossóis contaminados com partículas virais provenientes de secreções respiratórias de cães infectados. Além disso, o contato direto com fluidos corporais, como urina e fezes, ou superfícies contaminadas também facilita a disseminação. Animais jovens ou aqueles sem vacinação estão mais vulneráveis, especialmente em ambientes com alta densidade populacional.

    O vírus da cinomose canina (CDV) possui uma resistência ambiental significativamente menor em comparação a outros vírus como o da parvovirose. Ele é sensível a fatores externos, como luz solar direta, calor e desinfetantes comuns, o que reduz sua sobrevivência em condições desfavoráveis. No entanto, em ambientes protegidos, com temperaturas moderadas e umidade elevada, o vírus pode permanecer viável por dias.

     Após a infecção, o vírus invade o sistema respiratório superior e rapidamente alcança a corrente sanguínea. Em seguida, ele atinge tecidos ricos em linfócitos, reduzindo drasticamente a imunidade do animal. Como consequência, outros sistemas do corpo, incluindo o nervoso central, o respiratório, o gastrointestinal e o tegumentar, tornam-se alvos do vírus, desencadeando sintomas variados e graves.

SINAIS CLINICOS

   Os sinais clínicos evoluem em fases, tornando o diagnóstico essencial para o manejo correto: Surto de Cinomose - Sentinela do Oeste

  • Fase Inicial:
    • Febre;
    • Apatia;
    • Perda de apetite;
    • Secreção nasal e ocular, inicialmente serosa, mas que pode se tornar mucopurulenta.
  • Fase Sistêmica:
    • Tosse, dificuldade para respirar e pneumonia;
    • Vômitos e diarreia;
    • Espessamento da pele nas patas (hiperqueratose de coxins) e no nariz.
  • Fase Neurológica:
    • Contrações musculares involuntárias (mioclonias);
    • Convulsões;
    • Dificuldade de coordenação motora (ataxia);
    • Paralisia progressiva.

     Os sintomas neurológicos frequentemente aparecem semanas ou até meses após os primeiros sinais, indicando uma evolução lenta e preocupante da doença.

DIAGNOSTICO

    O diagnóstico combina a análise dos sinais clínicos com exames laboratoriais específicos. Testes como ELISA, para detectar anticorpos, e RT-PCR, que identifica o RNA viral, oferecem maior precisão. 

TRATAMENTO

   Embora não exista um antiviral específico para a cinomose, o tratamento visa reduzir os sintomas e impedir complicações. Entre as abordagens mais comuns, destacam-se:

  • Reposição de líquidos e suporte nutricional para estabilizar o animal;
  • Uso de antibióticos para combater infecções bacterianas secundárias;
  • Administração de anticonvulsivantes em casos de comprometimento neurológico;
  • Medicamentos para aliviar os sintomas respiratórios e gastrointestinais.

PREVENÇÃO

       A prevenção da cinomose depende principalmente da vacinação, que deve começar entre 6 e 8 semanas de vida do filhote, com reforços regulares até a fase adulta. Além disso, evitar o contato com animais infectados e manter o ambiente higienizado com produtos eficazes contra o vírus ajuda a reduzir a propagação.

Limpeza e Desinfecção

     A higienização correta do ambiente é essencial para evitar a propagação do vírus da cinomose, principalmente em locais onde houve contato com cães infectados. Algumas orientações importantes incluem:

  • Remoção de resíduos orgânicos
    Antes de aplicar qualquer desinfetante, remova sujeiras visíveis, como fezes, urina e secreções. A matéria orgânica reduz a eficácia dos produtos de limpeza.
  • Uso de desinfetantes eficazes
    Produtos como hipoclorito de sódio (2% a 5%), compostos de amônia quaternária e álcool etílico a 70% são altamente eficazes contra o CDV. Certifique-se de seguir as instruções de diluição e tempo de contato indicados pelo fabricante.
  • Lave tecidos e objetos laváveis
    Roupas, cobertores, almofadas e outros itens devem ser lavados com água quente e sabão. Quando possível, adicione desinfetantes adequados ao ciclo de lavagem.
  • Exposição ao sol
    Sempre que possível, exponha os itens limpos ao sol, já que a luz ultravioleta contribui para a inativação do vírus.
  • Ventilação e circulação de ar
    Ambientes fechados devem ser ventilados para evitar a retenção de partículas virais.

Tempo de Espera para Reintrodução de outro animal no ambiente

    Devido à menor resistência ambiental do CDV, recomenda-se um intervalo mínimo de duas semanas após a completa higienização do ambiente para introduzir outro cão. No entanto, esse período pode variar dependendo das condições locais, como umidade, ventilação e exposição ao sol.

    Se o animal a ser introduzido for filhote ou não vacinado, o ideal é aguardar pelo menos um mês e garantir que ele esteja com o esquema vacinal atualizado antes de entrar no local.

PROGNOSTICO

     A gravidade dos sintomas e a resposta ao tratamento influenciam diretamente o prognóstico. Casos leves, quando tratados de forma precoce, apresentam maior chance de recuperação. Por outro lado, animais com manifestações neurológicas avançadas enfrentam um prognóstico mais reservado.

     A cinomose canina é uma doença viral grave que, mesmo após a recuperação, pode deixar sequelas permanentes em cães que sobreviveram à infecção. Essas sequelas variam em gravidade e dependem da extensão dos danos causados pelo vírus, especialmente durante a fase neurológica da doença.

Principais Sequelas Observadas

  • Neurológicas A história de Odin: o cão amazonense que luta contra a cinomose – Portal Do Urubui
    As sequelas neurológicas são as mais comuns, já que o vírus frequentemente atinge o sistema nervoso central. Algumas das manifestações incluem: 

    • Mioclonias: Contrações musculares involuntárias e repetitivas, que podem ocorrer mesmo durante o repouso.
    • Convulsões: Episódios convulsivos recorrentes, exigindo acompanhamento e, muitas vezes, uso contínuo de medicamentos anticonvulsivantes.
    • Paralisia: Em alguns casos, o cão pode apresentar fraqueza muscular ou perda de mobilidade parcial ou total.
    • Ataxia: Falta de coordenação motora, que pode dificultar os movimentos e o equilíbrio.
  • Respiratórias
    Danos ao sistema respiratório podem causar sequelas crônicas, como: 

    • Tosse persistente;
    • Suscetibilidade a infecções respiratórias secundárias;
    • Redução da capacidade pulmonar.
  • Cutâneas
    A hiperqueratose, caracterizada pelo espessamento da pele nos coxins plantares e no nariz, pode permanecer após a recuperação. Embora seja menos grave, essa condição pode causar desconforto ao animal.
  • Dentárias
    Filhotes infectados durante a formação dentária podem sofrer hipoplasia do esmalte, deixando os dentes frágeis, irregulares e mais suscetíveis a fraturas e cáries.

      As sequelas da cinomose, especialmente as neurológicas, tendem a ser permanentes. No entanto, é possível oferecer qualidade de vida aos cães acometidos por meio de tratamentos específicos, como:

  • Fisioterapia Veterinária: Ajuda a melhorar a mobilidade e reduzir a dor associada à paralisia ou mioclonias.
  • Uso de Anticonvulsivantes: Controla convulsões e mioclonias para oferecer maior conforto ao animal.
  • Monitoramento Respiratório: Reduz complicações em casos de sequelas pulmonares.
  • Cuidados Dentários: Manutenção da saúde bucal com limpezas regulares e manejo preventivo.

 

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